A economia brasileira enfrenta um momento crítico com a recente elevação da taxa de juros Selic, que agora atinge 15% ao ano, o maior nível desde 2006. A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu analistas e especialistas, que esperavam uma redução da taxa, especialmente em um cenário de inflação em arrefecimento e crescimento do PIB. A medida, que visa controlar a inflação, gerou revolta entre economistas, que alertam para os impactos negativos sobre o consumo e o endividamento das famílias.
Antônio José Alves Júnior, professor de economia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, destaca que a alta da Selic representa uma transferência de renda significativa dos mais pobres para os detentores de ativos financeiros. A cada aumento de 1 ponto percentual, o governo arca com cerca de R$ 50 a R$ 60 bilhões em juros, um fardo que compromete ainda mais o orçamento público. Em meio a um cenário global instável, com conflitos no Oriente Médio e aumento dos preços do petróleo, a situação se torna ainda mais alarmante.
A política fiscal do governo Lula, que busca a reconstrução do Estado, enfrenta limites severos. Apesar de um crescimento inicial impulsionado por gastos públicos, a capacidade de expansão se esgota, enquanto as necessidades de investimento em infraestrutura e serviços públicos se acumulam. O futuro econômico do Brasil, com eleições presidenciais se aproximando, se torna incerto, à medida que a deterioração do capital público e a austeridade fiscal se tornam cada vez mais evidentes.
Os especialistas alertam que a Selic elevada não apenas prejudica o crescimento econômico, mas também exacerba a desigualdade social, criando uma armadilha para as famílias endividadas. A urgência de uma mudança na política monetária e fiscal é clara, mas a resistência a essa transformação pode levar o Brasil a um ciclo vicioso de crise econômica e social. O momento exige ação decisiva e uma nova abordagem para enfrentar os desafios que se avizinham.